As mais de 200 espécies da planta do gênero Jatropha, comumente distribuídas em regiões tropicais e subtropicais, são conhecidas por sua utilidade na agricultura, alimentação e também por seu potencial medicinal, um aspecto que vem sendo cada mais explorado pela comunidade científica. Estudos etnobotânicos apontam sua utilização, no contexto da medicina tradicional, no tratamento da malária, artrite, infecções e câncer. Em contrapartida, efeitos tóxicos como a indução de tumores, ativação plaquetária e irritação da pele, também têm sido relatados.
Em estudo recente, realizado por pesquisadores liderados por Vanderlan Bolzani (CIBFar e IQ-UNESP) e publicado na Phytochemistry, o grupo relata o isolamento do peptídeo cíclico jatrophidin I a partir do látex da Jatropha curcas L. Estudos de ressonância magnética nuclear revelaram sua estrutura cíclica e simulações de dinâmica molecular auxiliaram na compreensão e predição de possíveis alterações conformacionais ocorridas em solução.
Experimentos de atividade biológica demonstram que o peptídeo é inativo como antimalárico, antifúngico e antioxidante. No entanto, em ensaios de fluorimetria frente à pepsina, o composto mostrou ser um inibidor de proteases aspárticas, apresentando um valor de IC50 de 0,88 uM. Este valor mede a concentração do peptídeo, necessária para inibir 50% da atividade enzimática.
Segundo a equipe de pesquisa, mais experimentos serão realizados com o objetivo de avaliar a atividade do composto sobre outras proteases, como a renina e a protease do vírus HIV, importantes alvos moleculares para o desenvolvimento de fármacos, contra a hipertensão e AIDS, respectivamente.
